terça-feira, 15 de outubro de 2013

Boletim de Notícias da Garota Tropical - Parte II

Porque a censura midiática começa na escola

    Na primeira parte da história comentei com vocês sobre a nova onda que surgiu em 2005 da novela Rebelde, e, por consequência a personagem polêmica que escrevia cartas anônimas. Caso não tenha lido, pode clicar aqui e conferir, se já leu, lhe convido a prosseguir a leitura.

    Como estava dizendo, com essa onda das cartas anônimas na novela, surgiu uma ideia mirabolante da parte de uma amiga que vou me referir como Garota Tropical, rsrs. Eu bem que poderia citar o nome, mas como hoje tudo dá processo e o sigilo deixa tudo mais instigante, que seja Garota Tropical. A Garota Tropical certa vez me disse: - Já imaginou se a gente publicasse um jornal aqui na escola? E como eu não perdia a oportunidade de escrever e de santo só tinha a cara e a fama, embarquei nessa.


    Daí surgia a dúvida: do que vamos falar e como é que a gente vai fazer pra que ninguém descubra quem é/são o(s) autor(es)? Foi fácil, decidimos fazer o boletim através de recortes de revista, a ideia foi boa, mas já imaginou o imenso trabalho de produzir 3 páginas escritas só com palavras recortadas da revista? Sorte nossa, que a disposição não faltava.

    A Garota Tropical levou para a escola um arsenal de revistas que deveria pesar cerca de uns 2 quilos só pra gente fazer os recortes. O resultado final não ficou muito higiênico, lhe garanto, porque não encontrávamos algumas palavras inteiras, daí tínhamos que improvisar, pra escrever jantar, recortávamos o “JA” da revista VEJA, o “N” de alguma propaganda e o “TAR”, juro que não sei de onde tirávamos o “TAR”, mas a produção era boa e dava um jeito, com exceção do monte de cola que usamos pra fazê-lo e acabamos encharcando o jornal, tínhamos um profissionalismo que fazia até PLIM PLIM, assim como a Rede Globo. Agora você deve estar pensando aí: - Quê que é isso, hein? Rsrs

    Bom, o nosso jornal abordaria tudo o que fosse escandaloso suficiente para chocar pessoas de 14 anos, e te juro que não foi difícil, porque quando se tem 14 anos, a opinião das pessoas é muito importante, de forma que se você tropeça ou erra uma combinação de roupa, isso se torna o fim do mundo e vira a piada do século. E não é que tivemos um bom faro jornalístico? Conseguimos descobrir que um garoto havia dado um fora em uma menina chamando-a de criança, vulgo creche, porque ela era 1 ano mais nova.

    Cá entre nós, 1 ano nunca fez tanta diferença como nessa manchete, não é mesmo? Na adolescência, queremos ser adultos de mais, saber de mais e a grande verdade é que somos mais crianças do que imaginamos e que é uma etapa justamente para cometer erros e aprender com eles, até que a maturidade chegue pra começarmos a caminhar em terra firme. Ou não! 

  Finalizando: nesse jornal saíram coisas sobre nós, os escritores, afinal, quem suspeitaria que alguém fosse publicar algo falando mal de si também? Volto a frisar: aborrecentes são mais maquiavélicos do que se pensa. Da minha parte saiu que eu e um amigo só tínhamos boas notas por bajular os professores. E cá entre nós, talvez tenha uma gota ou uma chuva de verdade nisso, rsrs, brincadeira.

   Após o jornal ficar pronto, deixamos na sala de uma turma mais jovem, afinal, quanto menos idade se tem, mais escândalo e repercussão se faz (é uma regra da vida, pode anotar no seu bloquinho). Me lembro que uma garota pegou esse jornal e ficou desesperada, saiu contando para Deus, o mundo e o submundo inteiro. 

  Como de praxe, a diretora recolheu o material, fez uma reunião no pátio do colégio e rasgou o bendito na nossa frente ameaçando “engolir” os responsáveis por aquilo. E cá entre nós, ela ficaria idêntica a uma jibóia ao engolir os responsáveis, porque tínhamos a estrutura corporal bem maior que a dela. Rsrs.



   E assim o Jornal Futrico morreu justo na sua primeira edição, não por causa dos concorrentes ou falta de patrocinadores, mas pelas mãos de tesoura da diretora. Não me recordo muito bem sobre o que mais escrevemos, mas lhe confesso que meu coração ainda recorda a dor de ver aquele material tão difícil de ser feito, sendo rasgado em público. Naquela hora, pensava comigo: - Ó Mestre, perdoai, ela não sabe o que faz. 

    Como diria o personagem Gaguinho do Loonney Tunes: Isso é tudo pessoal. Caso queria continuar lendo, esse "esporte para os olhos", lhe sugiro dar uma conferida no texto: Spike, o desarmador de bombas. 

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