Porque a censura
midiática começa na escola
Na primeira parte da
história comentei com vocês sobre a nova onda que surgiu em 2005 da novela
Rebelde, e, por consequência a personagem polêmica que escrevia cartas anônimas. Caso
não tenha lido, pode clicar aqui e conferir, se já leu, lhe convido a prosseguir
a leitura.
Como estava dizendo, com
essa onda das cartas anônimas na novela, surgiu uma ideia mirabolante da parte
de uma amiga que vou me referir como Garota Tropical, rsrs. Eu bem que poderia
citar o nome, mas como hoje tudo dá processo e o sigilo deixa tudo mais
instigante, que seja Garota Tropical. A Garota Tropical certa vez me disse: -
Já imaginou se a gente publicasse um jornal aqui na escola? E como eu não
perdia a oportunidade de escrever e de santo só tinha a cara e a fama,
embarquei nessa.
Daí surgia a dúvida: do que
vamos falar e como é que a gente vai fazer pra que ninguém descubra quem é/são
o(s) autor(es)? Foi fácil, decidimos fazer o boletim através de recortes de
revista, a ideia foi boa, mas já imaginou o imenso trabalho de produzir 3
páginas escritas só com palavras recortadas da revista? Sorte nossa, que a
disposição não faltava.
A Garota Tropical levou para
a escola um arsenal de revistas que deveria pesar cerca de uns 2 quilos só pra
gente fazer os recortes. O resultado final não ficou muito higiênico, lhe
garanto, porque não encontrávamos algumas palavras inteiras, daí tínhamos que
improvisar, pra escrever jantar, recortávamos o “JA” da revista VEJA, o “N” de
alguma propaganda e o “TAR”, juro que não sei de onde tirávamos o “TAR”, mas a
produção era boa e dava um jeito, com exceção do monte de cola que usamos pra
fazê-lo e acabamos encharcando o jornal, tínhamos um profissionalismo que fazia
até PLIM PLIM, assim como a Rede Globo. Agora você deve estar pensando aí: -
Quê que é isso, hein? Rsrs
Bom, o nosso jornal abordaria
tudo o que fosse escandaloso suficiente para chocar pessoas de 14 anos, e te
juro que não foi difícil, porque quando se tem 14 anos, a opinião das pessoas é
muito importante, de forma que se você tropeça ou erra uma combinação de roupa,
isso se torna o fim do mundo e vira a piada do século. E não é que tivemos um
bom faro jornalístico? Conseguimos descobrir que um garoto havia dado um fora
em uma menina chamando-a de criança, vulgo creche, porque ela era 1 ano mais
nova.
Cá entre nós, 1 ano nunca
fez tanta diferença como nessa manchete, não é mesmo? Na adolescência, queremos
ser adultos de mais, saber de mais e a grande verdade é que somos mais crianças
do que imaginamos e que é uma etapa justamente para cometer erros e aprender
com eles, até que a maturidade chegue pra começarmos a caminhar em terra firme.
Ou não!
Finalizando: nesse jornal
saíram coisas sobre nós, os escritores, afinal, quem suspeitaria que alguém
fosse publicar algo falando mal de si também? Volto a frisar: aborrecentes são
mais maquiavélicos do que se pensa. Da minha parte saiu que eu e um amigo só tínhamos
boas notas por bajular os professores. E cá entre nós, talvez tenha uma gota ou
uma chuva de verdade nisso, rsrs, brincadeira.
Após o jornal ficar pronto,
deixamos na sala de uma turma mais jovem, afinal, quanto menos idade se tem, mais
escândalo e repercussão se faz (é uma regra da vida, pode anotar no seu
bloquinho). Me lembro que uma garota pegou esse jornal e ficou desesperada,
saiu contando para Deus, o mundo e o submundo inteiro.
Como de praxe, a
diretora recolheu o material, fez uma reunião no pátio do colégio e rasgou o
bendito na nossa frente ameaçando “engolir” os responsáveis por aquilo. E cá
entre nós, ela ficaria idêntica a uma jibóia ao engolir os responsáveis, porque
tínhamos a estrutura corporal bem maior que a dela. Rsrs.
E assim o Jornal Futrico
morreu justo na sua primeira edição, não por causa dos concorrentes ou falta de
patrocinadores, mas pelas mãos de tesoura da diretora. Não me recordo muito bem
sobre o que mais escrevemos, mas lhe confesso que meu coração ainda recorda a
dor de ver aquele material tão difícil de ser feito, sendo rasgado em público.
Naquela hora, pensava comigo: - Ó Mestre, perdoai, ela não sabe o que faz.
Como diria o personagem Gaguinho do Loonney Tunes: Isso é tudo pessoal. Caso queria continuar lendo, esse "esporte para os olhos", lhe sugiro dar uma conferida no texto: Spike, o desarmador de bombas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário